No dia 30 de junho, uma onça fêmea da espécie Puma concolor, conhecida como onça-parda, de três anos, pesando 28kg, foi atropelada na SP-147, em Mogi Mirim, fraturando o fêmur e foi conduzida para o Hospital Veterinário da UniFAJ para os primeiros socorros.
Na noite do dia 3 de julho, o animal retornou ao local para passar por uma cirurgia ortopédica, sendo realizada pelos profissionais que integram o Projeto Corredor das Onças, que é fruto do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em parceria com o Instituto de Economia da UNICAMP.
A operação foi conduzida pelo voluntário Dr. Gustavo R. Nucci, e a intenção inicial do procedimento era estabilizar a fratura com placa e parafusos, mas segundo o médico se tratava de uma fratura exposta que já havia sido contaminada e a opção foi por utilizar implantes realizando uma osteosíntese por pinos de Schanz. Todo procedimento teve duração de uma hora e meia.
O principal objetivo da cirurgia foi diminuir as chances do animal de ter sequelas, o que implicaria no seu modo de vida. Segundo a analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Márcia Rodrigues, que acompanhou a cirurgia, a onça está respondendo muito bem e a recuperação será apenas uma questão de fisioterapia.
A Mãlie, como foi carinhosamente apelidada, deve na próxima semana ir para o recinto de reabilitação em Itapira para sua recuperação, sendo observada diariamente e de acordo com a resposta do seu organismo ela voltará para seu habitat natural. Lembrando que a raça do animal está na lista nacional de espécies ameaçadas de extinção e os poucos existentes estão vivendo no interior paulista em canaviais.
De acordo com o Projeto Corredor das Onças grandes partes dos atropelamentos resultam em morte, pois o resgate animal não é acionado, então o recomendado é que após um acidente envolvendo animais silvestres o local seja sinalizado e a polícia rodoviária fique ciente do ocorrido. Outro informe é a importância do motorista respeitar a velocidade de trânsito determinada para aquela estrada. “Quando o animal morre, a concessionária tem que enterrar em até seis horas. Se o animal não morre ele tende a se refugiar no mato, podendo vir a óbito por hemorragia ou por inanição, uma vez que não terá condições de obter o seu próprio alimento. Daí a grande importância do motorista para o veículo e acionar o resgate!”, frisa Márcia.
A cirurgia foi acompanhada pela Dra. Isabela Risotto, responsável pela anestesia, o Dr. Pedro Nacib Neto, Sérgio de Paula Ferreira, coordenador de projetos do Instituto Corredor das Onças, e o estagiário e aluno do sétimo semestre de Medicina Veterinária da UniFAJ, Raphael Ribeiro Francisco, além da analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Márcia Rodrigues. Com exceção da Márcia, todos são do Instituto Corredor das Onças, que é uma OSCIP criada para apoiar a conservação da biodiversidade brasileira.
O Hospital Veterinário da UniFAJ oferece total apoio ao projeto disponibilizando a estrutura do local para socorrer os animais que correm perigo de morte, assumindo uma responsabilidade social de ajudar os envolvidos a prestar socorro a fauna silvestre.
O médico veterinário é formado pela UniFAJ, na turma de 2007, e quando ainda era estudante foi estagiário do hospital revelando que deve muito ao local por todo aprendizado. “Isso é gratificante. Esse é o grande potencial da veterinária na FAJ, aprender e praticar”. Atualmente Nucci é Pós-graduado em clínica médica e cirúrgica de pequenos animais pela Qualittas; em traumatologia e ortopedia pela Equalis; em ortopedia de pequenos animais pela Anclivepa, participante dos cursos AOVET: principles in small animal fracture management; advances in small animal fracture management.