O impacto do COVID-19 no mercado de casamentos e eventos pré-agendados é retratado em palestra do curso de Gastronomia

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Gisele Perez, cerimonialista da equipe Otmize falou sobre os adiamentos e cancelamentos, negociações entre fornecedores e clientes, entre outros aspectos que afetam o segmento
 
A pandemia de COVID-19 e o impacto no mercado de trabalho foi alvo de estudos do curso de Gastronomia da UniMAX – Centro Universitário Max Planck de Indaiatuba. Um dos setores mais afetados, foi o de eventos, a partir do decreto de distanciamento social a fim de evitar aglomerações e, consequentemente, a expansão do Coronavírus. Para isso, o professor Caio Nunes convidou diversos profissionais da área para conversar com os estudantes, entre elas, Gisele Perez, cerimonialista da equipe Otmize.
Na ocasião, a profissional trouxe um panorama sobre casamentos e eventos pré-agendados na região de Campinas, onde atua. “Os últimos eventos foram no dia 14 de março, dois casamentos, que já foram com álcool em gel, ainda sem exigência de máscaras. Nesta data, vários idosos deixaram de ir. O índice de não comparecimento foi bem maior do que o normal que é de 20%, subiu entre 30% e 40%, o que já foi prejuízo para os noivos”, comenta Gisele.
A cerimonialista conta que em seguida veio o decreto de fechamento de todo comércio e atividade considerada não essencial. “Começamos a adiar os eventos de abril e maio com esperança de voltar logo. Depois os de maio, junho e julho. Dependendo de como tudo vai ficar, só voltamos ao ‘normal’ em agosto”, acredita.
Gisele aponta que a pandemia revelou, no Brasil, uma legislação deficiente sobre eventos, que está englobada nas leis de Turismo e Hotelaria, e que não defende nem fornecedor nem cliente, além da falha do próprio mercado em relação a contratos sem cláusulas específicas para situações de força maior, por exemplo. “Só em abril, saiu a Medida Provisória 948/20 defendendo contratante e contratado”, explica. “Em muitos casos tivemos de agir como psicólogos, advogados e até negociadores de conflitos por conta desta falha”, completa.
Segundo a cerimonialista, entre os fornecedores mais impactados pela situação, estão os de buffet, com o aumento no preço dos produtos, além disso, conta que no momento em que o decreto entrou em vigor, muitos tiveram prejuízos com insumos já comprados para eventos com datas muito próximas a do fechamento do comércio e atividades consideradas não essenciais.
Ela destaca ainda a dificuldade financeira que muitos estão vivendo, devido à má administração e falta de reservas emergenciais e que há possibilidade que muitos quebrem durante este tempo de distanciamento social. “É um dia de cada vez, estamos aprendendo cada dia uma coisa nova para sempre. A gente vai mudar o mercado, vamos mudar tudo. Muitas pessoas estão revendo seus contratos e repensando o tipo de serviço que oferecem”, salienta Gisele. “Quem não se reinventar e não estiver na internet não vai sobreviver”, acrescenta.
Outro ponto abordado foi sobre os adiamentos e cancelamentos de datas. “Quase ninguém quis adiar para 2021. Para muitos não faz sentido mudar para o próximo ano. Uns 10% apenas aceitaram mudar para 2021. O segundo semestre está ‘bombando’ de eventos. Se os fornecedores não se organizarem de forma geral: logística, financeira e equipe, será complicado lidar. O número de eventos que teríamos no ano, faremos em quatro meses, praticamente, os eventos foram remarcados de agosto a novembro de 2020”, revela a cerimonialista.
Gisele ressalta a importância do bom senso e da humanização para lidar com a situação atípica que modificou o cenário em escala mundial. “Ficamos muito sensibilizados, porque tem uma questão emocional muito forte, estamos lidando com um sonho, isto é muito delicado. Por isso, convidamos os fornecedores para preparar uma surpresa no dia do evento que foi cancelado para minimizar o impacto para os noivos”, diz.
Por fim, a profissional afirma que será necessária maior atenção em relação aos contratos, inclusive com validação jurídica. Ela acredita que o mini wedding, que já era uma tendência deve aumentar tanto por conta de orçamento como para evitar aglomerações; considera também que os profissionais desta área devem pensar em soluções e; que clientes devem desconfiar de descontos exagerados fora dos valores praticados no mercado, sobretudo, em relação a fornecedores que utilizam insumos.
 
Texto: Tatiane Dias – (MTB 67029)

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