A pandemia de COVID-19 revelou um cenário muito preocupante na área da saúde, sobretudo na Enfermagem: no mundo faltam cerca de 6 milhões de enfermeiros de acordo com a OMS. Os coordenadores dos cursos de Enfermagem da UniMAX e UniFAJ dão dicas de como identificar o perfil para se preparar e atuar neste nicho de mercado
Celebrado em 12 de maio, o Dia Internacional da Enfermagem é uma homenagem ao nascimento de Florence Nightingale, considerada a “mãe” da enfermagem moderna. A data é propícia para relembrar um dado importantíssimo levantado pela OMS (Organização Mundial da Saúde): no mundo todo faltam cerca de 6 milhões de enfermeiros.
De acordo com o relatório da OMS, as regiões mais afetadas pela escassez de profissionais de Enfermagem são países de baixa renda do sudeste asiático, África e partes da América Latina. O documento aponta, ainda, que 80% dos enfermeiros estão concentrados em países que representam 50% da população mundial e metade do mundo tem cobertura de apenas 20% do efetivo mundial desses profissionais.
“Para a Organização Mundial da Saúde, 2020 é o ano da Enfermagem. Na próxima década, a falta de enfermeiros continuará a ser o maior problema dos sistemas públicos de saúde na maior parte dos países”, revela a coordenadora do curso na UniFAJ, professora Celene Aparecida Ferrari Audi. “Se quiser cumprir a meta de garantir acesso universal à saúde, o mundo precisará formar mais 9 milhões de enfermeiras e parteiras até 2030”, acrescenta.
A pandemia de COVID-19 e a necessidade urgente de contar com um número maior do efetivo destes profissionais no combate ao vírus foi o que evidenciou esta estatística preocupante e ao mesmo tempo que representa um nicho de mercado a ser explorado e que por fim, leva ao questionamento:
- Papel do enfermeiro junto a sociedade
“A profissão da Enfermagem, envolve o cuidar, como uma arte, uma ciência, mas acima de tudo empatia e humanização, para ser enfermeiro basta então gostar de ‘gente’ e ter vontade de cuidar de gente e gerenciar esse cuidado”, salienta o coordenador do curso de Enfermagem da UniMAX, professor Alexandro Marcos Menegócio.
O docente explica que uma das características mais relevantes de um enfermeiro do século XXI é a liderança, competência essencial para a gestão do cuidado, que tanto pode ser inata quanto desenvolvida durante a formação. “Além disso, o enfermeiro deve ter capacidade de ouvir e orientar sua equipe para o pleno exercício da profissão e suas atividades, ser fomentador do trabalho em equipe e promover relacionamento amigável. O profissional deve saber criar um ambiente de cooperação e saber administrar os conflitos existentes. Enfim, precisa desenvolver habilidades socioafetivas e saiba reconhecê-las também nas pessoas que atuam em sua prática profissional, a equipe, a família e o paciente. De nada adianta o enfermeiro ter um currículo maravilhoso e não souber colocar em prática tudo o que aprendeu”, enfatiza.
A coordenadora do curso na UniFAJ considera que assim como em toda profissão, a ética, o conhecimento técnico e o amor pelo que faz são algumas características do enfermeiro. “Não sei dizer se é apenas ‘ter dom’ ou se identificar com o trabalho. Enfermagem trabalha em distintas áreas, não é somente na área da saúde, mas é uma profissão que tem vertente em diversos campos de atuação. É uma profissão em que o cuidado é um dos pilares. Na gestão, educação, empresas, outras áreas têm seu papel garantido”, destaca Celene.
- Mas afinal, o que faz uma pessoa formada em enfermagem?
De acordo com os docentes, as principais funções do enfermeiro se dividem em algumas dimensões:
- Cuidado de Enfermagem na Atenção à Saúde Humana;
- Gestão/Gerência do cuidado de enfermagem e dos serviços de enfermagem e saúde;
- Educação em Saúde;
- Investigação/Pesquisa em Enfermagem e saúde;
- Docência na Educação Profissional;
- Participação Política, entre outras.
“Enfermeiros são disputados e, cada vez mais, assumem novos papéis em disciplinas clínicas, como neonatologia, cardiologia, emergência e tantas outras. Assim como os médicos, salvam vidas. Nos Estados Unidos, quase dois terços dos anestésicos recebidos pelos pacientes são administrados por enfermeiros especializados, segundo reportagem recente da revista The Economist”, informa a professora Celene.
A docente recorda, ainda, que na Grã-Bretanha, por exemplo, os enfermeiros são autorizados a realizar alguns tipos de cirurgias abdominais, ortopédicas e cardíacas.
“A enfermagem desempenha um papel central no tratamento e acompanhamento dos pacientes nos serviços de atenção primária à saúde. Tanto no SUS quanto nos programas criados pelos planos de saúde. Considerando que as operadoras investem cada vez mais em atenção primária, não é difícil prever que haverá disputa por mão de obra”, completa a coordenadora.
- Atuação em outros países
O professor Alexandro conta que o enfermeiro formado no Brasil, pode atuar em alguns outros países desde que tenham uma certificação nos países de destino, a partir de avaliações específicas, além de requerer visto de trabalho, dominar a língua inglesa e se inscrever em órgãos de classes dos países que desejam trabalhar e ainda conhecer e aprofundar em pesquisas sobre o local de trabalho no exterior, cultura dos países e legislação do exercício profissional na localidade que deseja trabalhar.
Por fim, a professora Celene comenta que vários alunos da instituição já conseguiram validar o diploma em países como os EUA, Canadá, Austrália, Portugal, entre outros.
Texto: Tatiane Dias – (MTB 67029)