PROJETO RONDON
Estudantes da FAJ atuam para transformar realidade de município sergipano
Você sabe para onde segue o encanamento de esgoto em municípios do interior? Imagina como é o cheiro em casas que não têm uma boa estrutura de encanamento? Pois é, nesses lugares o cheiro chega a incomodar até os mais acostumados, além de juntar muita mosca e propiciar doenças.
Para atenuar esta situação vivida drasticamente pelos moradores da cidade de Frei Paulo (SE), alunos do curso de Engenharia Ambiental da Faculdade de Jaguariúna - FAJ estão no município com a missão de implantar um projeto sustentável de baixo custo e melhorar a qualidade de vida da população.
Assim como todo o estado, Frei Paulo quase não conta com saneamento básico, somente com uma fossa negra – que nada mais é do que um buraco na terra – para onde seguem todos os dejetos de uma família. O material despejado não recebe nenhum tipo de tratamento e passa direto para o solo, o que compromete a qualidade de vida não apenas da família, mas de toda a população.
Graças ao projeto de conclusão de curso baseado na ideia de construir canteiros biossépticos, conhecidos como fossas verdes, os oito estudantes da FAJ foram selecionados pelo Ministério da Defesa a participar do Projeto Rondon e passar 15 dias em missão na cidade sergipana.
Diferente da simples fossa séptica, a fossa verde funciona como uma horta, regada de baixo para cima, com os dejetos gerados por uma família de até seis pessoas, como explica o rondonista e membro da equipe Márcio Paulo Goulart. “Esse projeto de canteiro biosséptico caiu como uma luva para o município de Frei Paulo, uma vez que boa parte das famílias soma até cinco pessoas”, disse.
O estudante frisa as vantagens da fossa verde para a população e para a prefeitura. “Essa fossa pode ser construída em um ou dois dias, não precisa da adição de produtos químicos e o sistema elimina quase que por completo os patógenos. É um projeto de ótimo custo-benefício para a prefeitura levar adiante”, garantiu.
Basta estar em Frei Paulo para perceber que o projeto da fossa verde funcionaria muito bem. O município está inserido no polígono das secas do estado, apresentando um clima do tipo semi-árido, com temperatura média anual de 24,5ºC. Toda a água é evaporada e o material orgânico das fezes é retido por plantas filtradoras, como a bananeira – muito comum na cidade.
Diante do cenário, José Arinaldo Neto, secretário municipal de Educação há oito anos, disse que a prefeitura irá avaliar a implementação do projeto. “Vamos incentivar os professores de geografia que estão na prefeitura e as outras secretarias a promover esse trabalho. Estamos trabalhando de maneira meio tímida, mas com a ajuda dos rondonistas esperamos alcançar ótimos resultados”, ressaltou.
O professor da FAJ Emílio Garcia, que acompanha os alunos, sintetiza a expectativa do grupo. “Vamos fazer com que males como a cólera, dengue e leptospirose, exemplos do mal saneamento, diminuam. É um desafio que vamos enfrentar”, disse.
Para viabilizar o projeto, os estudantes estão contando com o apoio da população, capacitando agentes transformadores para atuar na preservação, manutenção da qualidade das águas e na prevenção de doenças. Os rondonistas da FAJ retornam da missão no próximo dia 4 de fevereiro.