Quando falamos de Arquitetura sustentável, um dos campeões de preferência é o telhado verde, que tem sido apontado como uma das soluções mais inovadoras no mercado na última década. Atualmente, existem várias empresas que produzem este material, mudando apenas a tecnologia empregada com o objetivo de facilitar o desempenho e a agilidade na obra, facilitando a vida de profissionais e proprietários.
O telhado verde também é conhecido como cobertura viva, cobertura vegetal ou telhado vivo. Entre as vantagens, apresenta temperaturas amenas no verão e no inverno, isolamento acústico, economia de energia, redução de ilhas de calor nos centros urbanos, diminuição da quantidade de água escorrendo pelas ruas em dias de chuvas fortes e diminui a poluição no ar.
Segundo dados da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, 25% da superfície de uma cidade são compostos por telhados. Como resultado, 80% da incidência solar são absorvidas por essas coberturas impermeáveis. Em países europeus como Alemanha e a Suíça existem leis obrigando que pelo menos uma parte dos telhados das novas edificações sejam plantados (telhados verdes). Dessa forma, poderão absorver a água da chuva e cumprir a função da terra que o asfalto impede.
Mas a história mostra que este tipo de telhado não é novidade. Há registros de utilização desse material no antigo Egito. Além disso, em 1920 foi definido como conceito arquitetônico pelo famoso arquiteto modernista francês Le Corbusier. O profissional desenvolveu a ideia de terraços-jardins com a intenção de compensar o desequilíbrio ocasionado pelas construções nas cidades e proporcionar maior qualidade de vida às pessoas por meio de áreas verdes de lazer.
O Villa Savoy, um dos projetos assinados por Le Corbusier, é um belo exemplo da utilização do telhado verde. O mesmo conceito foi empregado pelo arquiteto Lucio Costa no projeto do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de janeiro, atual sede do Ministério da Educação e Cultura (MEC). O detalhe luxuoso fica pela cobertura que tem um jardim assinado pelo paisagista Burle Marx.
Villa Savoy
Cobertura Ed. Capanema
Um exemplo mais recente é o prédio de cinco andares da Escola de Arte, Design e Comunicação da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura. A construção conta com uma cobertura vegetal onde a forma orgânica se mistura com a natureza ao redor. Foi projetado pelo escritório local DP Architects PTE LTDA, em parceria com os holandeses da UNStudio.
No Brasil, já existem leis para garantir a aplicação do telhado verde em novas construções. É o caso da prefeitura de Recife (PE), que regulamentou em 2015 a Lei Municipal 18.112, exigindo plantio de gramas, hortaliças, arbustos e árvores de pequeno porte nas lajes dos edifícios. Com isso, os novos prédios residenciais, com mais de quatro pavimentos e com área coberta acima de 400 m², serão obrigados a ter telhados verdes.
O custo deste tipo de telhado varia de acordo com a escolha da tecnologia a ser empregada. Existem as opções que agregam placas e o substrato, outras que funcionam em sistema modular ou flat, que vão depender de fatores como inclinação e erosão. Independente da escolha, todos os tipos de telhado verde necessitam de irrigação para aguentar o período de estiagem, embora existam espécies que aguentam até 90 dias sem água, como é o caso das suculentas.
Modelo de placa
Na próxima vez que você for construir ou reformar, converse com seu arquiteto sobre as opções de telhado verde. Assim, além de visualmente agradável, você terá um imóvel que contribui de forma positiva para o meio ambiente.
Projeto Gourmet Sustentável- Itu Decor 2011 – Lourdes Abbade – Execução Instituto Cidade Jardim
Lourdes Abbade é coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Max Planck. Tem mestrado em materiais ecológicos (UNICAMP), e especialização em Gestão Urbana e Paisagismo (PUCCAMP). Iniciou os estudos em Arquitetura e Urbanismo na Universidade do Pará, em 1983, e atualmente é doutoranda em Arquitetura sustentável (UNICAMP).