AULA MAGNA DE PEDAGOGIA APRESENTA DIDÁTICAS PARA ABORDAGEM DA CULTURA AFRICANA

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Tema foi abordado pela Comissão de Educação para Relações Étnico-raciais de Indaiatuba

Com a contribuição da Comissão de Educação para Relações Étnico-raciais de Indaiatuba, a aula magna do curso de Pedagogia da UniMAX – Centro Universitário Max Planck trouxe várias propostas didáticas para abordagem da cultura africana em salas de aula. O evento aconteceu no dia 12 de setembro no anfiteatro. “Agradeço o convite do Centro Universitário em compartilhar um pouco do que fazemos na rede. O que tem nos orgulhado muito é o trabalho de implantação da Lei 11645/08, que foi atualizada para tratar também da questão do índio em nosso país”, ressalta a professora Joseni da Silva Cunha, integrante da Comissão.

Durante o evento, alunos de escolas municipais realizaram uma apresentação artística; houve a contação de história “Lápis cor de pele”, que além de uma reflexão sobre o tema, trouxe uma prática pedagógica baseada nas rodas griôs, momento, na tradição africana, em que os adultos se reúnem para contar histórias às crianças. Também foi abordada a necessidade de se empregar novos livros que valorizem todas as etnias e a importância de trazer à discussão clássicos da literatura brasileira, como os do autor Monteiro Lobato, que tratam o negro de forma depreciativa. “Temos novos escritores que estão pensando nessa questão e estão discutindo assuntos que as crianças debatem e que estamos falando há bastante tempo desde a implantação da Lei”, destaca Joseni.

A palestrante propôs também uma reflexão e uma nova forma de abordagem para frases carregadas de preconceito racial e religioso como “pé na cozinha”, “a coisa tá preta”, “inveja branca”, “é dia de branco”, “serviço de preto”, “cabelo ruim ou duro”, “denegrir”, “não sou tuas negas”, “chuta que é macumba”. “Quem nunca ouviu cabelo ruim ou cabelo duro? O que acontece quando falamos isso? Acaba fazendo com que a pessoa queira se afastar de sua etnia, porque ninguém quer ter um atributo que seja ruim ou feio aos olhos do outro”, salienta. “O certo a se dizer é cabelo crespo ou afro”, completa.

A aula magna contou também com a contribuição de Deboráh Bitinia de Araujo Amorim que falou sobre o processo histórico e os registros legais sobre o negro na sociedade brasileira. Ela explanou sobre a exclusão do negro nas escolas primárias, extinção do tráfico negreiro, Lei dos Sexagenários e Áurea, entre outras leis que supostamente favoreciam o negro. “É de senso comum que o negro veio para o Brasil acorrentando, mas o que aconteceu daquela época até agora?”, instiga.

A psicóloga da rede municipal, Bruna Vieira Von Zuben abordou sobre a influência das pessoas na construção da autoimagem, identidade e autoestima e os impactos do preconceito na formação da personalidade. Já a professora Rita do Prado Santinon trouxe um pouco da religiosidade e a importância do professor estudar religião e respeitar a pluralidade. O combate ao racismo nas escolas foi trazido pela professora Elisandra Mara dos Santos Camilo. “São os alunos da escola pública os mais discriminados não apenas por cor de pele, mas por posição social e que, em minha opinião, precisam de todo esse trabalho que estamos fazendo”, ressalta Elizandra. “Preconceito, racismo e discriminação estão presentes na escola. Na maioria das vezes passam despercebidos, mas é preciso combater!”, reforça.

Por fim, as palestrantes contaram que a partir da revisão da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) as questões étnico-raciais e as religiões terão mais espaço e serão melhores trabalhadas na formação básica dos alunos.

Sobre o tema

De acordo com a coordenadora de Pedagogia, professora Sheila Salles Mendes, a escolha do tema foi motivada pelas sugestões dos alunos do 6º semestre do curso que, ao longo do 1º semestre, realizaram o projeto interdisciplinar "Discutindo o Racismo no Brasil" envolvendo também estudantes de Educação Física e Nutrição. “Nesse projeto, os alunos estudaram e discutiram a partir das aulas e de pesquisas, a importância da abordagem da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena, uma vez que constituem a base da formação da sociedade brasileira, bem como a obrigatoriedade pela Lei 11645/08 da abordagem dessa temática em todas as escolas de Educação Básica no Brasil”, explicou.

A professora destacou ainda que o objetivo da palestra foi apresentar e discutir as práticas pedagógicas no contexto da educação para as relações étnico-raciais com intuito de trazer à reflexão o que se pode fazer efetivamente na prática no contexto real das escolas de Educação Básica. “Nesse sentido, a iniciativa de trazer a Comissão de Educação para Relações Étnico-Raciais da Rede Municipal de Educação de Indaiatuba visou aproximar a teoria à prática, de maneira que as atividades realizadas por essa comissão poderão inspirar nossos alunos, futuros professores e demais educadores e convidados participantes do evento”, disse.

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Texto: Tatiane Dias – (MTB 67029)

25/09/2018

 

 

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