Inspiradora: I Mesa Redonda de Empresários da Max debate empreendedorismo

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Empreendedores trouxeram informações interessantes e que podem servir de referência aos estudantes ou aqueles que pensam em empreender o próprio negócio
Por Márcio Aguiar

Sua ideia vale um negócio? Muitas pessoas acreditam que o segredo do sucesso dos empreendedores decorre de uma ideia sensacional, aquela que ninguém pensou antes e que, por isso, o empreendedor conseguiu desenvolver uma empresa bem-sucedida. Mas, até onde isso é verdade? É fato que empresários inovadores mudam os mercados e até criam novos nichos que não haviam sido identificados pela maioria. Mas esses administradores fazem parte de um grupo seleto no mundo todo.

A segunda noite de debates da I Mesa Redonda de Empresários Empreendedores de Indaiatuba, realizada pelos cursos de Administração e Ciências Contábeis da Faculdade Max Planck contou com a presença dos empresários, Josué Eraldo da Silva, presidente da construtora Jacitara e do gestor do ramo alimentício, Elizeu Nunes ‘Pezão’, dono do Pezão Bar.

Estiveram presentes os professores do curso de Administração, Aníbal Malaquias, Jonival Cortes, Paulo Sérgio Maso, o idealizador do evento, Wilson Luiz Ferrareto e o coordenador do curso, Robson Paniago. Participaram também os professores, Nelson Ruggieiro de Ciências Contábeis, e Carlos Bizeto, coordenador do curso de Marketing.

Mesa redonda

O mantra dos negócios nos dias atuais é tratar a inovação como palavra-chave para que seja o centro das atenções do empreendedor. Com a inovação, você consegue se diferenciar da concorrência e, com isso, aumenta suas chances de fazer acontecer.

Mas como você pode saber se está criando algo inovador, se sua ideia vale a criação de um negócio, antes de colocá-la em prática? Esse é o dilema dos empreendedores que estão começando, pois é praticamente impossível prever se o que você está prestes a criar dará retorno certo. No entanto, esses desafios não foram obstáculos para o proprietário da Construtora Jacitara, Josué. De família humilde, perdeu os pais ainda cedo. Aos 8 anos, perdeu a mãe, e foi enviado para o orfanato com outros 7 irmãos. “Meu pai acabou ficando sozinho e o juiz da Vara de Infância e Juventude decidiu entregar a guarda para uma casa que cuidava de crianças órfãs. Provavelmente meu pai não teria condições de cuidar de oito filhos sozinhos”, contou.

Segundo o administrador, sua vida foi repleta de bênçãos divinas. “O fato é que eu nunca desisti”, disse citando Winston Churchill. “O pessimista vê dificuldade em cada oportunidade; o otimista vê oportunidade em cada dificuldade”, citou.

De acordo com o investidor, o que se recomenda aos empreendedores é que busquem avaliar suas ideias com técnicas de análise de mercado e observação local onde se quer atuar para ver se a ideia que teve tem potencial de sucesso. “Transformar uma ideia em uma oportunidade é o desafio dos empreendedores e, caso você esteja pensando em criar uma empresa para atuar em qualquer área, você deveria se perguntar: Estou trabalhando para isso?”, questionou. Para o presidente da Jacitara Holding, piscar as luzes em sinal de protesto não irá melhorar em nada a situação da crise econômica vivida no país. “Precisamos regaçar as mangas e trabalhar. As barreiras existirão sempre, mas, você não pode desistir do seu sonho”, ressaltou. “A economia pode se retrair momentaneamente, mas o progresso tem que continuar”, declarou. “Por isso, acredito que esta crise é temporária.”

40ª construtora do país

Em 2014, a Jacitara foi premiada como a 40ª maior construtora do Brasil. O prêmio, concedido pela 11ª edição do Ranking ITC – 100 Maiores Construtoras, o que posiciona a empresa como a única construtora da Região Metropolitana de Campinas (RMC) no Ranking ITC 2015. A empresa, sediada em Indaiatuba, foi fundada em 2003 e tem projetos diversificados para vários segmentos de mercado. Com forte atuação nas cidades de Indaiatuba, Itu, Salto, Vinhedo e Bragança Paulista, a construtora tem mais de 77 projetos em loteamentos, condomínios residenciais verticais e horizontais, empreendimentos industriais e comerciais, shoppings e complexos multiusos.

A empresa também desenvolve projetos habitacionais específicos para os programas do governo federal e estadual, como Minha Casa, Minha Vida, em parceria com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. “A diversificação dos nossos produtos foi essencial para o crescimento da Jacitara”, comentou. O CEO contou que a empresa é voltada a promover o desenvolvimento urbano e social com projetos que atendam às necessidades das famílias e da sociedade. “É um orgulho para nós, quando entregamos as chaves para as famílias, nas condições que elas possam pagar. Com isso, estamos resgatando o sonho das famílias de terem a casa própria”, afirmou.

Marcas podem ser pessoas?

Estudos afirmam que existe a tendência, cada vez maior, das marcas se tornarem-se pessoas, ou vice-versa. Este é o caso do Pezão Bar. Às vezes, a marca pode se confundir com o próprio nome do empresário. O problema é que marcas não são pessoas. Mas, o empreendedor Elizeu Nunes ‘Pezão’, lida muito bem com essa contradição. O sucesso do seu negócio talvez seja o nome, que segundo ele, é ‘odiado’ pelos familiares. “Quando disse que o bar iria se chamar Pezão, minha mãe odiou. Pezão é nome de borracharia ou lava-jato”, contou Elizeu. Sempre sorridente e bem humorado o empresário despertou risadas o tempo todo, contando sua história que mais parece filme de comédia, mas que lhe rendeu muito sucesso na vida real.

Pezão Bar

De vendedor de paçocas a empresário de sucesso. Hoje o Pezão Bar esta localizado na avenida Presidente Kennedy, uma das principais avenidas onde se encontram varias opções de bares e restaurantes na cidade. O bar é muito procurado pelos consumidores devido à especialidade no cardápio de peixes e frutos do mar, qualidade no atendimento, carisma dos funcionários e ambiente rústico o qual remete impressão de um bar praiano, descontraído e muito acolhedor. “Uma vez um cliente me perguntou quem era o decorador do meu bar. Eu disse: E precisa ser decorador para pendurar balaio de vime e garrafa de ponta cabeça?”, disse novamente despertando risos dos espectadores.

O empresário Elizeu Nunes de Oliveira nasceu na cidade de Paranavaí no Paraná, e vem de uma família humilde onde sempre se espelhou em seu pai, com quem aprendeu a ser trabalhador e honesto, juntamente com seus nove irmãos. A partir dos oito anos de idade, Elizeu começou a vender sorvetes, paçocas caseiras e sonhos, aos catorze anos mudou-se para Indaiatuba e sua fonte de remuneração era vender sorvetes e laranjas.

Em busca de novas oportunidades, foi servente de pedreiro, logo após, mudou-se para a capital São Paulo para trabalhar em uma galeria vendendo relógios, porém não muito satisfeito voltou à Indaiatuba e começou a trabalhar em um frigorífico de frangos onde recebeu o apelido de Pezão, devido à dificuldade da empresa em encontrar uma bota plástica com sua numeração, item obrigatório a ser usado no local. “O rapaz veio com uma bota número 39. Eu disse: Não dá não. Meu número é 43. O rapaz olhou e disse: Vixe, é um pezão. Daí ficou”, contou a história de como recebeu o apelido.

Após três anos de trabalho no frigorífico, Elizeu decidiu sair da empresa, e com o dinheiro obtido do seu desligamento investiu em mercadorias compradas no Paraguai e se tornou vendedor ambulante de eletrônicos, brinquedos e artigos de pesca. A loja de pesca foi o primeiro estabelecimento comercial de propriedade de Elizeu Nunes.

Como a procura de artigos de pesca era grande, Elizeu montou seu primeiro negócio no bairro Cecap em Indaiatuba, resolveu expandir seu negócio comprando o ponto vizinho da sua loja, porém as vendas não aumentaram e tornou-se uma fase difícil para o empresário.

Como solução, resolveu mudar de atividade, passando um dos pontos de artigos de pesca para bar, por identificar a procura de clientes nesse ramo. Mesmo assim não foi possível minimizar as dívidas e ele foi obrigado a fechar as portas do bar e permanecer somente com a loja de pesca.

O início do Pezão Bar

Por ter que devolver o ponto de sua única loja no Cecap, Elizeu alugou um ponto próximo ao centro da cidade e colocou o nome de Pezão Pesca, mas a situação tornou-se preocupante devido à baixa procura pelos artigos de pescaria, então Elizeu teve a ideia de oferecer como cortesia aos clientes um caldo de peixe, que fez tanto sucesso que ele identificou a oportunidade de montar um bar para servir caldo e porções de peixe frito.

Como Elizeu estava endividado, adquiriu empréstimo de mil reais de um amigo, para começar um bar naquele ponto, e mesmo com a ajuda de uma irmã precisou contratar mais dois funcionários devido a grande procura, e após três meses não foi mais possível comportar a clientela naquele local.

A marca

Quando o Pezão foi montar o primeiro bar, ele falou para a mãe dele que ia abrir um bar e o nome do bar ia ser Pezão bar. A mãe afirmou que o nome não dava certo, e que era nome de borracharia e lava-jato.

Elizeu desanimado não usou o nome de Pezão e usou o nome de Lich Beer e depois mudou de endereço e passou a usar o nome de Casa do Peixe. Ele passou a se envergonhar com a ideia de ter um bar com o nome de Pezão. Porém quando foi obrigado a fechar a loja de pesca, não tinha como custear uma nova fachada para o bar, então sem alternativas usou a placa com o nome de Pezão Pesca.

Marketing

“O meu marketing é atender bem”, disse o administrador. Segundo ele o maior patrimônio da empresa são os clientes. Indo contrário a todos os conceitos de vendas, o gestor oferece diversas variedades de petiscos e porções de peixes para os clientes que estão na fila. Seu sucesso é tão grande que mesmo com a notável ampliação do bar, continua não dando conta de atender a todos. As filas por lá são comuns e imensas. Seu slogan é "O Melhor Bar do Mundo".

Realmente, o Pezão tem um algo a mais que é difícil explicar. Os clientes são tratados com carinho e recebem uma atenção diferenciada.

Reinventando o Marketing

“Nas dificuldades, é que você vê as oportunidades”, comentou o empreendedor. Para ele, “na vida existem três tipos de pessoas. As que deixam acontecer. As que fazem acontecer. E as que perguntam o que aconteceu. Eu prefiro fazer acontecer”, enfatizou.

Para aqueles que ficam na fila a espera de uma mesa, são servidas cortesias, de iscas de peixe até mesmo um choppinho. Dessa forma, seu tempo de espera passa rápido e logo a mesa já está disponível. O próprio Pezão, proprietário e figura ímpar, passa de mesa em mesa para saber se o cliente está sendo bem atendido. Ainda segundo ele, cerca de 7.800 quilos de peixes são consumidos no restaurante, e aproximadamente 28 mil pessoas passam pelo seu estabelecimento por mês. “Comércio é assim! Se não tem fila ninguém para. E se tem fila ninguém entra”, brincou. Para ele, a venda não termina quando o cliente paga a conta, mas sim, quando ele retorna. “A venda só termina quando o cliente volta ao meu bar”, argumentou.

O empresário contou que não se importa com a concorrência. “Para mim não existe concorrência e sim competência. Assim também é um empreendedor de verdade. O mercado existe, os concorrentes também, mas cada um tem o seu estilo de trabalho”, exemplificou.

DNA de empreendedor

Além de ser criativo, é preciso aceitar que os erros acontecem. Isso é ter DNA de empreendedor. “Se algo não der certo, paciência, isso faz parte do aprendizado. Se arrepender de algo que você fez vale mais a pena do que ficar pensando no que poderia ter sido uma grande chance”, contou o empresário que, entre muitos erros e acertos, foi encontrando as melhores estratégias até conhecer bem quem é seu consumidor.

A teoria das oportunidades individuais, pela qual é possível ao cidadão que se esforça e conta com certa dose de sorte subir na vida, sempre teve boa acolhida no Brasil. Exemplos disso, os quatro empreendedores que dividiram suas experiências no evento, vieram de famílias humildes. Aqui, na cidade há inúmeros casos de pessoas que ascenderam da mais humilde classe social para outras mais privilegiadas.

Mas, o que dizer desses homens de sucesso? Será que encontramos a tal fórmula do empreendedorismo. Talvez, a resposta continue não sendo tão simples. Mas, com certeza, as histórias compartilhadas nos dois dias de debates, proporcionaram no mínimo aos estudantes e espectadores a oportunidade de assistirem aulas com DNA de excelência sobre empreendedorismo e talvez, possam ser ‘influenciados’ positivamente a iniciarem seu próprio negócio, ou serem profissionais de sucesso em suas áreas.

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