Presença de doulas nas salas de parto aumenta em hospitais brasileiros

Procura pelas profissionais e por cursos na área também cresceu

 

Em diversas cidades brasileiras, a presença de doulas em salas de parto tem sido permitida por lei. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde de vários países – entre eles o Brasil por meio da portaria 28 de maio de 2003 – já reconheceram a atividade. Na última década, pesquisas realizadas em outros países demonstraram que a doulagem é responsável pela redução de 50% as taxas de cesárea, 20% da duração do trabalho de parto, 60% de pedidos de anestesia e 40% do uso de fórceps. Mesmo assim, existem muitos mitos, e até mesmo equívocos, sobre essa atuação.

Por definição, doulas são mulheres que dão suporte físico e emocional às grávidas antes, durante e após o parto. “O papel principal é informar. Informar as mulheres sobre os tipos de parto, como o seu corpo funciona, a fisiologia do parto, os hormônios que atuam durante a gestação, o que os pais podem fazer para proporcionar o melhor parto para o bebê são alguns dos detalhes que informamos durante a doulagem”, explica a jornalista e instrutora de yoga, Adriana Vieira de Moraes e Sousa Schaap, que há cinco anos atua como doula.

Vale reforçar que doulas não substituem o trabalho médico, mas sim oferecem suporte emocional à parturiente. “Buscamos proporcionar uma experiência positiva de parto e reforçar o vínculo mãe e bebê. Quando estamos na sala de parto nosso papel é fazer com que gestante passe por esse processo da melhor maneira possível. Para isso, são usadas diversas técnicas para minimizar as dores, como massagens, banhos e até mesmo acupunturas ou outras terapias complementares que fizerem parte da formação da doula”, esclarece Adriana.

No Brasil, segundo Adriana, o cenário para a doulagem mudou muito na última década, principalmente com constatação de um alto índice de cesarianas no Brasil. Em 2003, a taxa desse tipo de parto no SUS foi de 27,5%. Já no setor da saúde suplementar, em 2004, atingiu o índice de 79,7%. O Brasil também detém a maior taxa de cesáreas no mundo: 84% dos partos na rede privada. Na rede pública a taxa é de 40%, enquanto o recomendado pela OMS é de 15%. “Foi a partir da divulgação desses números pela OMS que uma parte da população começou a perceber e se informar mais sobre os impactos da cesárea para os bebês. Essas mesmas pessoas passaram então a disseminar essas informações”, conta Adriana.

Antes mesmo de se tornar doula, a jornalista acompanhou partos durante oito anos. Já são quase 200 deles no currículo, que se completa com formação em Yoga pré-natal, ‘Parto Ativo’, Educadora Perinatal e pós-graduação em Hatha Yoga. Além disso, é mãe de três filhos, duas cesáreas e um parto natural. Toda essa capacitação é somada a ingredientes indispensáveis para exercer a doulagem: disponibilidade de tempo e dedicação à cliente. “Já fiquei até uma semana atendendo uma gestante, visitando-a frequentemente. Por isso a vocação é fundamental. Nós começamos o trabalho muito antes do bebê nascer, assim que o casal opta por ter um parto humanizado”, destaca.

Com o crescimento na atuação das doulas também cresce a necessidade de aperfeiçoamento e qualificação dessa mão de obra. Sabendo da importância dessa atividade, a Faculdade Max Planck, de Indaiatuba (SP), está oferecendo o curso de extensão Formação em Doula. As aulas foram planejadas para otimizar o tempo do aluno e acontecerão de forma intensiva.

O curso tem início no dia 22 de janeiro e duração de quatro dias, sendo das 18h às 22h30 na sexta-feira, sábado e domingo das 8h às 20h, e na segunda-feira das 8h às 13h, totalizando 32 horas. Na programação estão temas como ética profissional, o papel da doula, técnicas de relaxamento – Hypnobirthing – parto com hipnose, yoga pré-parto, parto e pós-parto, massagem perinatal, posturas no trabalho de parto, entre outros.

Uma equipe multiprofissional formada por especialistas e mestres das áreas de Enfermagem, Medicina, Fisioterapia, Psicologia, Nutrição, Fonoaudiologia e Pedagogia está à frente das aulas. A doula Adriana Vieira de Moraes e Sousa Schaap é uma das profissionais convidadas. As inscrições estão abertas e são realizadas na Interclínicas, que fica no campus 1 da Faculdade Max Planck, de segunda a sexta, das 7h às 21h. Para garantir a vaga é preciso ter mais de 18 anos e levar cópia do documento de Identidade (RG) e do CPF. O pagamento é facilitado e pode ser parcelado. Mais informações pelos telefones (19) 3264 0096 e (19) 3885 9901 ou por e-mail no endereço formacaoemdoula@faculdademax.edu.br.

 

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